Estamos
no fim do mundo. Demasiados conflitos levaram à
aniquilação da humanidade e os quatro Cavaleiros
do Apocalipse
galopam em direcção à Terra como presságio do fim dos tempos.
Só
que um deles não aparece.
O
Teatro do Montemuro e o Absolute Theatre imaginam as experiências e
tribulações dos três Cavaleiros do Apocalipse deixados numa
qualquer praia remota inglesa
e
essa visão é, acima de tudo, o
mais louco
e
divertido
dumb-show que
vejo há anos.
Este
espectáculo não se apoia nas palavras (à excepção de ocasionais
grunhidos, gritos ou rugidos), mas na linguagem universal do clowning
(comédia física). À semelhança dos seus conceitos, Peste
(Eduardo), Guerra (Paulo) e Fome (Abel) carecem de muitas formas de
uma dita correcta forma de comunicar, bem como de qualquer respeito
por qualquer convenção social.
Estes
três infelizes seres vão-se transformando gradualmente em palhaços
tagarelas que se tentam
livrar das calúnias que os acusam de estarem ali apenas a passar o
tempo – e a comer. (…) Não só os Cavaleiros se transformam,
também o público que é chamado e chamado de novo, arrastado para o
palco para se tornarem caçadores de pássaros, jogadores de futebol,
a própria Morte ou um apóstolo na Última Ceia. (…)
Bom entendedor saberá que ser relutante apenas aumentará a
probabilidade de ser escolhido.
Tudo
está habilidosamente controlado. Não há lapsos, pés, peixes ou
aves fora do lugar. Estes clowns estão perfeitos em cada erro, falso
murro, subida de escada e em cada cena de pancadaria. Não sendo
apenas incrivelmente engraçados, mas também garantindo ao público
que estão em boas (e ineptas) mãos.
Este
espectáculo internacional é do melhor que já vi. É inteligente e
habilmente concebido e durante a hora e dez minutos de espectáculo
sob as Estrelas estiveram os três clowns, mas não podemos deixar de
mencionar toda a equipa envolvida que criou esta maravilhosa noite de
entretenimento espirituoso, louco e mordazmente inteligente. Palmas
de pé para esta agradável performance na qual está garantida uma
deliciosa surpresa para todas as pessoas – de qualquer idade, de
qualquer língua.
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