Foi o Festival Altitudes 2018.



 A agitação começou logo nos primeiros dias de julho, telefonemas e e-mails com a intenção de reservar bilhetes para a edição de 2018 do Festival Altitudes, por isso quando a bilheteira abriu, a 1 de agosto, várias sessões ficaram quase esgotadas e não foram precisos muitos mais dias para todos os espetáculos de sala esgotarem por completo.

Mais de metade dos 200 lugares disponíveis no Espaço Montemuro para o Festival Altitudes, ficam preenchidos com passes do festival, é um público que regressa diariamente para assistir a todos os espetáculos, durante oito dias.“...São pessoas que vêm não se sabe de onde” disse Fernando Tordo no concerto de encerramento, porque a aldeia de Campo Benfeito conta apenas com cerca de 50 residentes e embora muitos deles marquem presença no festival, a maioria vem de Lisboa, do Porto, de Viseu, Castro Daire, Lamego e de outros locais, propositadamente para assistirem às propostas artísticas, ficando apenas uma noite ou durante vários dias na região. Tal como a lotação do Espaço Montemuro, também os alojamentos locais esgotam e os restaurantes enchem, neste período.




É a qualidade do programa apresentado anualmente, com propostas diversificadas, interessantes, divertidas e emotivas, que justifica a lealdade do público que volta todos os anos e a atenção crescente de novos espetadores. O primeiro fim de semana foi dedicado ao clown, no sábado com o Teatro do Montemuro, companhia anfitriã, assistimos ao espetáculo “Os 4 Clowns do Apocalipse” e no domingo, tivemos duas sessões do espetáculo espanhol “El Primer Concierto” da companhia Oriolo, em co-produção com a Fundición Producciones, ambos arrancaram boas gargalhadas ao público que, nos dois dias, saiu da sala deliciado.

"Os 4 Clowns do Apocalipse" Foto: Sílvia Bentes

"El Primer Concierto" Foto: Aníbal Seraphim

Na noite de 13 de agosto, foi a vez do Peripécia Teatro subir ao palco. Repetentes no festival, apresentaram “La Tortilla de mi Madre”, um espetáculo que nos fala da solidão nos últimos anos de vida. Num registo humorístico, a d’Orfeu AC, apresentou na noite de 14 de agosto “Tia Graça - toda a gente devia ter uma”, também ele uma reflexão acerca da velhice e uma homenagem aos entes mais discretos dos artistas.
Na noite de 15 de agosto, o Teatro da Palmilha Dentada apresentou o espetáculo “Eis o Homem”. Na primeira parte, com base na improvisação, conseguiram desconcertar o público que foi continuamente desassossegado na sua cadeira. Na segunda parte, falou-se de coisas sérias e polémicas, mas sempre com muito humor à mistura.

 "La Tortilla de mi Madre" Foto: Aníbal Seraphim

 "Tia Graça - Toda a gente devia ter uma" Foto: Aníbal Seraphim

  "Eis o Homem" Foto: Aníbal Seraphim

No dia 16 de agosto, de manhã, a sala encheu-se desta vez de pequeninos, para assistirem à magia das marionetas. O espetáculo “Capucha Vermelha” livremente inspirado no conto dos irmãos Grimm pelo Teatro e Marionetas de Mandrágora, encantou pela minúcia dos objetos animados em palco.
A noite de 16 de agosto estava mágica no cimo da montanha, o céu estrelado, a lua brilhante. Às 21h30 juntou-se a este cenário o espetáculo “InSomnio” do Teatro do Mar. Uma cama impressionantemente gigante, luz, música e corpos, que nos foram guiando pelos meandros do sono e da falta dele.

Plateia do espetáculo "Capucha Vermelha"

 "InSomnio" Foto: Aníbal Seraphim

  "InSomnio" Foto: Aníbal Seraphim

No penúltimo dia do festival, falou-se da morte. “A Caminhada dos Elefantes” de Inês Barahona e Miguel Fragata, contraria a infantilização e a efabulação deste assunto que é difícil e profundo, apresentando ferramentas para as crianças explorarem e assimilarem o tema de forma pessoal e íntima.

"A Caminhada dos Elefantes" Foto: Susana Paiva

O encerramento do festival fez-se ao som de Fernando Tordo e das músicas que criou em conjunto com Ary dos Santos. Um espetáculo muito intimista, em que Fernando Tordo partilha com o público  vivências pessoais que relembram parte da história do País e com as quais muitos dos que estavam na plateia se identificaram.

Fernando Tordo durante o ensaio. Foto: Aníbal Seraphim

Durante os oito dias do festival, uma Floresta Mágica foi crescendo na aldeia de Campo Benfeito. Flores que pareciam penduradas no céu, teias, aranhas e ouriços coloridos, flores gigantes e pétalas de cores vivas... apareceram pelos recantos da aldeia, tornando este lugar, por estes dias, [ainda mais] mágico. Foi o resultado do Atelier do Festival Altitudes, orientado por Romana Vieitas.

Participantes do Atelier com Romana Vieitas






Relembrados alguns dos momentos mais marcantes desta edição, deixamos o nosso reconhecimento e agradecimento a todos aqueles que fizeram da edição de 2018 do Altitudes, mais um sucesso. Ao público agradecemos pelo entusiasmo, aos artistas e companhias pelas emoções e pela magia que partilharam, às instituições e a todos aqueles que se envolveram na preparação e divulgação do festival, agradecemos pelo apoio e à equipa pela entrega e pela alegria. Muito obrigado!
Foi assim, 2018. Para o ano há mais!


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